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Separando as partes das bandas

Artikel 12.11.2018 14:13

Texto didático-informativo sobre os tipos de bandas musicais que ocorrem no Brasil

As formações instrumentais de cunho popular estão, notadamente, classificadas no Brasil em: ( i ) banda de percussão [puramente rítmica], ( ii ) banda fanfarra [fanfarra simples e fanfarra de pisto] , ( iii ) banda marcial, ( iv ) banda-de-música e ( v ) banda sinfônica. Todavia há um entendimento coletivo equivocado, naturalmente por parte daqueles que não lidam no quotidiano com o ofício da música, de que todas essas corporações não têm diferenciações específicas e peculiares. Mas há também músicos bandísticos que não percebem essas distinções. No intuito de explicar da maneira mais didática possível essa alteridade, ousou-se aqui dar algumas referências empíricas e teóricas para que os interessados possam tirar o melhor proveito nesse campo.

Primeiramente, para particularizá-las, é preciso mencionar os três elementos musicais, a saber: ritmo, melodia e harmonia. Além disso, é importante se referir aos instrumentos monocórdios e harmônicos. Este primeiro tipo de instrumento é aquele que emite apenas um som de cada vez enquanto que o segundo pode emitir vários sons simultaneamente (acordes). Os monocórdios se dividem em dois tipos: em bocais/metais e madeiras/palhetas. Ambos compõem três tipos de bandas ( ii, iii e iv ) referidos no início do texto. As “cordas” são aplicadas nas bandas sinfônicas ( v ).

À parte, o incremento de instrumentos harmônicos é regularmente aceito em Orquestras Sinfônicas, tais como os comuns: piano, harpa, harmônio, celesta e cravo; e/ou guitarra, violão, acordeom, escaleto, realejo e banjo, entre outros incomuns. Nesse caso, os instrumentos de teclas (teclados) são prioridade.

( i ) Considerando-se os cinco tipos de bandas elencadas inicialmente, pode-se afirmar que a mais elementar é a banda de percussão. Normalmente ela é formada por trinta componentes para que se tenha um volume de som suficiente, usado como referência de marcha em desfiles cívicos e patrióticos. Ela é rítmica pura e simplesmente, sem adição de instrumentos de sopro e nela pode ser usada uma gama de instrumentos de ritmo.

( ii ) A banda fanfarra é essencialmente rítmica, ou seja, a maioria dos instrumentos é de percussão: tarol, bombo, surdo, caixa e pratos. As cornetas e cornetões sem pisto (lisas e lisos), além dos bugles e clarins, afinados em si bemol, emitem apenas três notas musicais (dó, mi e sol) e são os únicos instrumentos metálicos usados nesta corporação. A fanfarra é dita “simples” quando contém corneta ou cornetão lisos. Assim, por ter limitação melódica, essa corneta tem por convenção uma função condutora, de comando e de regência. Quando as cornetas e cornetões são fabricados com um pisto, é possível emitir sons de fá e seus harmônicos simples (si bemol e ré). Assim, amplia-se a capacidade de arpejo e por isso é possível incrementar conjuntos de cornetas e cornetões na linha de frente, com o objetivo de executar melodias mais simples/conhecidas. Esse tipo de banda é dita “fanfarra”, simplesmente. De vez em quando, emprega-se nela também um instrumento conhecido como Lira, fabricado em ligas de alumínio, pelo fato desse material ter ótimas propriedades acústicas. A Lira é semelhante ao xilofone, para transcender a limitação melódica das cornetas e dos cornetões.

( iii ) A banda marcial é o tipo de corporação que amplia ao máximo a capacidade de arpejo, pois se incrementa instrumentos monocórdios bocais com três pistos (bombardino, sousafone, trompete, saxhorn/trompa, flugelhorn, melofone, trombonito, trombone de pistos, pocket, eufônio, bombardão, tuba de marcha), além do trombone de vara. Atinge-se assim toda a extensão da escala cromática. Essas bandas têm essencialmente uma natureza rítmica, porém a quantidade de instrumentos de sopro metálicos pode exceder, excepcionalmente, a quantidade de instrumentos de percussão. A bateria normalmente é ampliada para obtenção de efeitos com os atabaques, tantãs (tambores), repiniques, etc. É possível executar qualquer melodia, desde que o arranjo seja adaptado à realidade na qual for aplicado. Uma banda marcial bastante premiada nacionalmente é a da cidade de Gurinhém-PB, cujo regente é o maestro Flaviano Cavalcante. O repertório pode ser formado por músicas populares e clássicas.

( iv ) O quarto tipo é a banda-de-música, muito conhecida no Nordeste brasileiro como “filarmônica”. A sua essência não é rítmica, mas sim melódica. Pode conter apenas quatro instrumentos de percussão: um bombo, uma caixa clara, um par de pratos e um surdo. É o suficiente. Contudo, dependendo do repertório, pode-se usar uma bateria conjugada em ocasiões de apresentações públicas, em que não se tem necessidade de desfile(s). Além dos metais, à filarmônica são adicionados os instrumentos de palhetas (madeiras), os quais são: flauta transversal, flautim, clarineta, requinta e saxofones (alto, tenor, soprano, sopraninho, sopranino e barítono).

Na Paraíba, segundo Irineu Pinto, a primeira banda-de-música militar foi formada em 1801 e pertenceu ao corpo de Infantaria Paga, composta de um tambor-mor (regente Manoel de Vasconcelos Quaresma), 2 pífanos e 2 tambores (apud MELO, 2013, p. 213). Nela foram acrescentados, em 1809, clarinetes e fagotes. Provavelmente, a mais antiga corporação civil do Brasil é a Euterpe, de Pindamonhangaba-SP, fundada em 22/08/1825. A mais antiga filarmônica civil do Nordeste está na cidade de Goiana-PE: a Sociedade Musical Curica, fundada em 1848. A Filarmônica Municipal Epitácio Pessoa, de Campina Grande-PB, cognominada de “Sá Zefinha”, é uma das mais antigas do Estado. Foi fundada em 15/11/1898 e completa neste ano, portanto, os seus 120 anos de idade.

Pode-se dizer que a “banda filarmônica”, assim também chamada, é a mais original de todas elas, pois o seu repertório está intrinsecamente ligada à formação musical do povo brasileiro por meio de diversos gêneros típicos, entre alguns: lundus, choros, sambas, frevos, dobrados, maracatus, valsas, boleros, polcas, marchas solenes (marchas-de-procissão), carimbós, marchinhas carnavalescas e passo-doble. Há um sem-número de composições nacionais e arranjos brasileiros espalhados pelo país afora.

Algumas das músicas originárias desse contexto da banda-de-música são conhecidas internacionalmente como os dobrados brasileiros Dois Corações (de Pedro Salgado), ‘220’ ou Avante Camaradas (de Antonino Manoel do Espirito Santo), Batista de Melo (de Manoel Alves) e Saudades de Minha Terra (de Eduardo Martins). O mais importante compositor nordestino de dobrados foi o Maestro Joaquim Pereira, natural de Caiçara-PB, autor do célebre Os Flagelados. Associado às bandas-de-músicas brasileiras estão os conhecidos “mestres-de-bandas” ou especificamente, “mestres-de-banda-de-música”, figuras apostólicas da arte musical. Eles sempre levaram o ensino teórico e instrumental para os mais variados recantos do território nacional, especialmente do Nordeste. Nesse viés, há um destaque para o Maestro Gedeão Faustino Nunes Filho, regente e professor da Filarmônica São Tomé (de Sumé-PB), a qual foi campeã paraibana várias vezes e já concorreu em campeonatos brasileiros, obtendo excelentes colocações/classificações. Tem-se nessa entidade filantrópica uma escola de música que visa a formação profissional de jovens músicos que são exportados, amiúde, para a banda-de-música presidencial “Dragões da Independência”, sediada em Brasília - Distrito Federal. É importante mencionar também o trabalho do Maestro Airton Cunha da Silva, mestre da banda-de-música “Filarmônica Municipal Bom Jesus dos Martírios”, da Cidade de Boa Vista-PB, fundada em 14/11/1949 (apelido: Loira Lira). Nesta filarmônica é feito um trabalho de preparação teórico-prática para que o jovem aluno possa se incorporar à entidade como componente oficial, seguindo um rígido ritual e um critério didático-pedagógico. O Maestro Airton é atualmente aluno de graduação em Música pela UFCG, em Campina Grande-PB.

Emergiram de ambientes de banda-de-música grandes expoentes nacionais... Pode-se citar o caso de Capiba, compositor de frevos por excelência, que se iniciou em música na banda-de-música de Taperoá – Estado da Paraíba. É possível também citar a maior expressão da paraibana Orquestra Tabajara (1934) - o Maestro Severino Araújo – que integrou em 1933 a banda-de-música da cidade de Ingá-PB (Filarmônica 31 de Março). Outro talento originário de banda-de-música é o compositor Carlos Gomes, que começou sua vida musical na “Banda-de-Música Municipal de Campinas”, Estado de São Paulo, onde o mesmo nasceu. Foi também numa banda-de-música (ou banda filarmônica) que floresceu o talento de Abel Ferreira, clarinetista que compus o choro “Chorando Baixinho” - 1942. Este nasceu na cidade de Coromandel, interior de Minas Gerais. Conhecido simplesmente como “Saraiva”, Luiz Saraiva dos Santos foi filho do mestre-de-banda-de-música da sua cidade natal - Belo Monte-AL (nasceu em 1929). Ficou conhecido no Brasil com o som do seu sax soprano, com o qual gravou várias composições de sua autoria. Publicou mais de 20 LPs e compactos pelas gravadoras Continental, Copacabana, Beverly e Tropicana.

Frequentemente algumas prefeituras municipais incorporam ao seu patrimônio as bandas-de-músicas que têm décadas de atividades ininterruptas. É um ato legislativo conhecido como municipalização. Trata-se de um reconhecimento público aos serviços prestados pela entidade musical. Geralmente, depois desse ato, a prefeitura assume todas as responsabilidades no que se refere à manutenção da sede, limpeza, compra de instrumentos e materiais expedientes (palhetas e utensílios do cotidiano). Isso ocorreu na Paraíba em cidades como João Pessoa, Campina Grande, Esperança, Pedra Lavrada, Monteiro, Patos e Boa Vista, entre outras.

( v ) A quinta e última banda é a sinfônica. É essencialmente melódica, pois há predominância de metais e madeiras face aos instrumentos percussivos. Contudo, os arranjos são produzidos explorando a sonoridade harmônica como fator preponderante e marcante. Além de todos os instrumentos contidos numa banda-de-música (filarmônica), a banda sinfônica incrementa as cordas friccionadas como principal referência: violino, violoncelo, viola e contra-baixo acústico. Aos instrumentos de sopro podem ser incrementados o clarone, a trompa de harmonia (F) com três ou quatro rotores, oboé, o fagote e o contra-fagote. Os instrumentos percussivos também são mais diversificados. Agrupam-se aos convencionais, por exemplo: maraca, clave de rumba, triângulo, pandeiro, ganzá, chimbau, prato chinês, tímpanos, fuzileiro, marimba, tambor, vibrafone, bloco de madeira e outros mais.

Dessa forma se dividem as bandas populares que disseminam a cultura musical nos diversos recantos do Brasil.

Autor: Roniere Leite Soares – Outubro/2018

Professor da Unidade Acadêmica de Engenharia de Produção – UFCG/CCT

Ex-componente concursado da Filarmônica Municipal Epitácio Pessoa, entre 2005 e 2012 (Campina Grande-PB)

 

 

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